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Resiliência de Microsserviços
Publicado em: quinta-feira, 6 de abr de 2023

Como construir microsserviços resilientes: dicas e estratégias para garantir a continuidade do seu serviço

Você já ouviu falar em resiliência? No contexto de software, ela se refere à capacidade de um sistema ou aplicação lidar e se adaptar a problemas e situações adversas. Para microsserviços, a resiliência é fundamental, especialmente considerando que eles dependem de outros serviços para funcionar. Neste post, exploremos os principais aspectos que você precisa saber para criar microsserviços resilientes, desde o gerenciamento de indisponibilidades até o uso de mensageria e processamento assíncrono.

A resiliência em microsserviços é um assunto mais complexo do que parece à primeira vista. Para garantir que um microsserviço seja resiliente, é necessário lidar com a indisponibilidade de suas dependências. Algumas indisponibilidades momentâneas podem ser resolvidas diretamente na aplicação, como falhas de rede breves. Porém, em casos de serviços offline por longos períodos, é preciso adotar outras abordagens.

Entendendo a resiliência:

Um microsserviço é considerado resiliente se, tecnicamente, ele puder tolerar a indisponibilidade de uma dependência por um longo período, como um dia, uma semana ou até um mês.

A partir desse ponto de vista, é possível considerar aspectos importantes para garantir a resiliência, como a necessidade de atualizações e a adoção de processamento assíncrono.

Eu não estou sugerindo que de fato você passe por isso. Mas seu ponto de partida for esse, você com certeza considerará coisas importantes, como a própria necessidade de deployment, como ofensor para um serviço que está esperando o outro voltar para processar algo.

Sua aplicação, quando é atualizada, não consegue informar que ainda está processando. Quando as tarefas são de curtíssima duração, gracefull shutdown ajuda nessa estratégia.

Entretanto, tarefas que estão apenas em memória, sem a ajuda de outros mecanismos externos como Mensageria e Stream Platforms, se tornam frágeis e com potencial de perda/descarte do processamento.

.NET e Polly:

Polly é uma biblioteca que pode ajudar a lidar com falhas de rede momentâneas. Com a utilização de Polly, é possível realizar retentativas em questão de segundos, minimizando o impacto no usuário. Embora a aplicação possa ficar lenta durante o processo, o fluxo de trabalho continua.

Usando Containers e Orquestradores:

Containers e orquestradores, como o Kubernetes, auxiliam na adoção de uma estratégia de redirecionamento de falhas de uma instância para outras saudáveis. Dessa forma, é possível garantir que o serviço continue funcionando mesmo quando uma instância específica encontra problemas.

Importância do API Gateway:

Um bom API Gateway, como o Kong, possui a capacidade de realizar retentativas em suas APIs. Isso significa que, em caso de falhas, o Gateway pode chamar outra instância saudável ou nova, garantindo a continuidade do serviço.

Processamento assíncrono e mensageria:

Para lidar com longos períodos de indisponibilidade, é fundamental adotar o processamento assíncrono e a mensageria. Essa abordagem permite que os microsserviços sejam resilientes, mesmo quando suas dependências não estão disponíveis. Serviços como RabbitMQ, Kafka e Azure Service Bus são exemplos de soluções que podem ser utilizadas nesse contexto.

Atenção aos Status Codes:

Em microsserviços, é crucial que os diversos componentes da arquitetura se comuniquem de maneira clara e eficiente. Isso inclui a troca de informações sobre o estado do sistema e o sucesso ou falha no processamento de requisições. Um dos detalhes que fazem toda diferença são os status codes HTTP.

Os status codes HTTP são códigos numéricos que representam o resultado do processamento de uma requisição e têm a função de informar ao cliente (ou outros componentes da arquitetura) se a operação foi bem-sucedida, se houve algum erro ou se o recurso solicitado está indisponível, entre outras informações relevantes. Utilizar os status codes corretamente é fundamental para garantir que todos os componentes envolvidos na comunicação compreendam o estado atual do sistema e tomem as ações adequadas em resposta a cada situação.

Os status codes são divididos em diferentes classes, cada uma delas com um propósito específico. Os códigos da família 2XX indicam que a requisição foi processada com sucesso e que a operação solicitada foi ou será concluída. Já os status codes da família 4XX denotam que houve um erro por parte do cliente, como uma solicitação malformada ou a tentativa de acessar um recurso inexistente. Por fim, os códigos da família 5XX sinalizam erros sistêmicos, ou seja, problemas no servidor ou no serviço que impedem o processamento correto da requisição.

Quando os status codes são usados corretamente, os componentes da arquitetura podem identificar e lidar com problemas de maneira eficiente, evitando que falhas em um componente se propaguem para outros e comprometam a estabilidade do sistema todo. Além disso, o monitoramento e a análise dos status codes gerados pelo sistema ajudam a identificar padrões e tendências de comportamento, possibilitando a detecção e correção de problemas antes que eles afetem a experiência do usuário final.

No entanto, é importante ressaltar que o uso inadequado dos status codes pode levar a uma percepção equivocada do estado do sistema e dificultar a identificação e resolução de problemas. Suprimir erros ou retornar status codes incorretos pode fazer com que a infraestrutura de monitoramento e outros componentes da arquitetura não consigam identificar e lidar adequadamente com problemas, comprometendo a resiliência dos microsserviços.

Portanto, ao desenvolver e manter microsserviços resilientes, é essencial garantir que os status codes sejam usados de maneira apropriada, conforme as boas práticas e convenções estabelecidas. Isso não só contribuirá para uma comunicação mais eficiente entre os componentes da arquitetura, como também aumentará a resiliência e a confiabilidade do sistema como um todo.

Tratamento de exceções:

O tratamento adequado de exceções é um aspecto crítico para garantir a resiliência de qualquer software, incluindo os baseados em microsserviços. Quando uma exceção é gerada durante o processamento de uma requisição, é crucial capturá-la e lidar com ela de maneira apropriada, a fim de evitar impactos negativos na experiência do usuário e na integridade do sistema.

Em muitos casos, a falta de um tratamento de exceções eficiente pode levar a uma série de problemas, como a propagação de erros para outros componentes, o comprometimento da integridade dos dados e a falha no isolamento de componentes problemáticos. Por isso, é essencial implementar práticas robustas de tratamento de exceções que permitam identificar, registrar e tratar adequadamente as exceções geradas.

Uma estratégia eficaz para o tratamento de exceções envolve a categorização e a padronização das exceções. Ao categorizar as exceções em tipos específicos, como exceções de validação, exceções de negócio e exceções de infraestrutura, é possível direcionar o tratamento de cada exceção de forma mais granular e adequada às suas características. Além disso, padronizar as exceções permite uma melhor comunicação entre os componentes do sistema e facilita a identificação de problemas recorrentes.

O uso de mecanismos de Log é fundamental para garantir a rastreabilidade das exceções e auxiliar na análise e diagnóstico de problemas. Um Log de exceções bem estruturado permite a identificação rápida de padrões e a tomada de decisões informadas para aprimorar a resiliência do sistema.

Por fim, o tratamento de exceções deve ser integrado às práticas de monitoramento e alerta do sistema, permitindo que a equipe de desenvolvimento seja notificada rapidamente em caso de exceções críticas ou problemas recorrentes. Dessa forma, os desenvolvedores podem tomar medidas corretivas proativas, minimizando o impacto de erros e indisponibilidades no desempenho e na resiliência dos microsserviços.

Em breve teremos um material mais detalhado sobre exceções.

Implementando Disponibilidade Rápida:

A Disponibilidade Rápida (em inglês, Disposability) é um princípio abordado no The Twelve-Factor App, que enfatiza a importância de construir aplicações que possam ser iniciadas e finalizadas rapidamente e de forma confiável. Esse princípio facilita a escalabilidade, recuperação de falhas e implantação contínua.

Para alcançar a Disponibilidade Rápida, é essencial garantir que a aplicação lide adequadamente com sinais do sistema, como SIGTERM e SIGKILL, que são usados para interromper e encerrar processos. Implementar o Encerramento Suave (Graceful Shutdown) é uma prática recomendada que permite que a aplicação finalize as tarefas em andamento e libere os recursos apropriadamente antes de ser encerrada.

O ASP.NET lida bem com esse fluxo, entretanto para que você se beneficie da implementação, é necessário usar o recurso certo como os Worker Services do ASP.NET.

Outras técnicas que podem ser empregadas para aumentar a Disponibilidade Rápida incluem:

  • Uso de processos stateless, que não armazenam informações sobre o estado do sistema e, portanto, podem ser iniciados e encerrados de forma independente;
  • Adoção de mecanismos de armazenamento externo, como bancos de dados e caches distribuídos, para armazenar o estado da aplicação;
  • Implementação de sistemas de filas e mensagens assíncronas para comunicação entre microsserviços;
  • Uso de orquestradores, como Kubernetes, que podem gerenciar o ciclo de vida das aplicações e garantir a rápida recuperação em caso de falhas.

Ao seguir as orientações e práticas relacionadas à Disponibilidade Rápida, você estará no caminho certo para desenvolver aplicações resilientes que podem lidar com falhas, escalar eficientemente e se adaptar às mudanças nos requisitos do projeto.

Estratégias de deployment:

Blue Green e Canary são estratégias de deployment que ajudam aplicações e serviços de alta carga a reduzir riscos a cada atualização. Essas abordagens permitem validar novas versões da aplicação ou serviço com uma fração dos usuários antes de implementá-las em larga escala. Embora sejam complexas, essas estratégias podem reduzir danos em caso de versões instáveis e garantir maior resiliência e confiabilidade.

As estratégias de implantação Blue-Green e Canary são abordagens modernas para a atualização de microsserviços, visando minimizar o tempo de inatividade e o impacto nos usuários. Ambas as estratégias estão embasadas em literaturas técnicas e práticas recomendadas da indústria de software (Humble e Farley, 2010; Richardson, 2018).

A implantação Blue-Green consiste em manter duas versões do ambiente de produção em paralelo: o “blue” (atualmente em produção) e o “green” (nova versão a ser lançada). As mudanças são inicialmente implementadas no ambiente “green” e, após serem testadas e validadas, o tráfego é direcionado para este ambiente, tornando-o o novo ambiente “blue”. Isso permite que os desenvolvedores revertam rapidamente para a versão anterior em caso de problemas, garantindo maior resiliência e confiabilidade.

A implantação Canary, por outro lado, é uma estratégia de liberação gradual na qual a nova versão da aplicação é disponibilizada para um subconjunto de usuários antes de ser lançada para todos. Essa abordagem permite que os desenvolvedores monitorem o desempenho e a estabilidade da nova versão em um ambiente de produção, detectando e corrigindo problemas antes que afetem a base de usuários em geral. A implantação Canary é especialmente útil para sistemas com muitas instâncias e alto risco associado a cada atualização.

Embora essas estratégias de implantação sejam complexas e exijam planejamento cuidadoso, elas são altamente eficazes na promoção de resiliência e confiabilidade dos microsserviços, reduzindo a probabilidade de interrupções e falhas no sistema.

Referências:

  • Humble, J., & Farley, D. (2010). Continuous Delivery: Reliable Software Releases through Build, Test, and Deployment Automation. Addison-Wesley Professional.
  • Richardson, C. (2018). Microservices patterns: With examples in Java. Manning Publications Co.

Mensageria e aumento de complexidade:

Mensageria e o processamento assíncrono são elementos cruciais para alcançar a resiliência em sistemas de microsserviços. Essas técnicas promovem a comunicação não bloqueante e independente entre os serviços, permitindo que continuem funcionando mesmo quando uma ou mais dependências enfrentam falhas, ou atrasos temporários.

Segundo a literatura técnica, ferramentas e plataformas como RabbitMQ, Kafka e Azure Service Bus são amplamente utilizadas em arquiteturas de microsserviços devido à sua capacidade de gerenciar mensagens e eventos de forma confiável e escalável. Esses sistemas de mensageria garantem a entrega de mensagens entre os serviços, mesmo diante de falhas e indisponibilidades, melhorando significativamente a resiliência do sistema todo.

No entanto, é importante observar que a introdução da mensageria e do processamento assíncrono pode aumentar a complexidade do sistema. Isso pode exigir um investimento adicional em monitoramento, rastreamento e gerenciamento de mensagens, bem como uma mudança na forma como os desenvolvedores projetam e implementam os serviços. Portanto, é fundamental avaliar cuidadosamente se essa abordagem é adequada para seu caso específico e estar preparado para lidar com os desafios e implicações relacionados ao aumento da complexidade.

Dicas extras:

Além das estratégias e dicas mencionadas anteriormente, aqui estão algumas dicas extras que podem ajudá-lo a aprimorar ainda mais a resiliência dos seus microsserviços:

Monitoramento e alertas: Implementar um sistema de monitoramento eficiente e configurar alertas para casos de indisponibilidade, erros ou desempenho abaixo do esperado é fundamental para garantir a resiliência dos seus microsserviços. Essa abordagem permite identificar problemas rapidamente e tomar medidas corretivas antes que afetem a experiência do usuário.

Arquitetura baseada em eventos: Adotar uma arquitetura baseada em eventos permite que os microsserviços se comuniquem de forma assíncrona e independente, aumentando a resiliência geral do sistema. Além disso, essa abordagem facilita a escalabilidade e a adaptação a mudanças nos requisitos do projeto.

Padrões de resiliência: Existem padrões de resiliência comprovados, como Circuit Breaker, Bulkhead e Timeout, que podem ser aplicados aos seus microsserviços para melhorar a resiliência. Esses padrões ajudam a isolar falhas, limitar o impacto de erros e garantir que o sistema continue operando mesmo quando enfrenta problemas.

Versionamento de APIs: Adotar práticas adequadas de versionamento de APIs permite que você faça alterações nos microsserviços sem afetar negativamente os clientes e outros serviços que dependem deles. Isso contribui para a resiliência geral do sistema e facilita a evolução do projeto.

Escalabilidade: Assegurar que seus microsserviços sejam escaláveis é importante para a resiliência. Isso inclui projetar o sistema para lidar com aumento de carga e demanda, bem como adotar soluções de autoescalabilidade, como o uso de orquestradores e soluções em nuvem.

Conclusão:

Construir microsserviços resilientes é essencial para garantir a continuidade e o sucesso do seu serviço. Ao seguir as dicas e estratégias apresentadas neste post, é possível criar aplicações saudáveis, que funcionam corretamente e não “mentem” sobre seu estado. Lembre-se de prestar atenção aos status codes, utilizar bibliotecas como Polly, adotar containers e orquestradores, implementar API Gateway, tratar exceções adequadamente, aplicar práticas de disposability, adotar estratégias de deployment e considerar o uso de mensageria e processamento assíncrono. Com esses cuidados, você estará no caminho certo para desenvolver microsserviços verdadeiramente resilientes.

Ao considerar e aplicar as dicas e estratégias apresentadas neste post, você estará no caminho certo para desenvolver microsserviços verdadeiramente resilientes. Lembre-se de que a resiliência é um objetivo contínuo e exige um esforço constante de aprendizado e adaptação. Investir tempo e recursos na construção de microsserviços resilientes resultará em sistemas mais confiáveis e eficientes, capazes de atender às demandas dos usuários e enfrentar os desafios do ambiente de TI em constante evolução.

O Cloud Native .NET é meu principal projeto.

Onde empenho energia para ajudar, acompanhar, direcionar Desenvolvedores, Líderes Técnicos e jovens Arquitetos na jornada Cloud Native.

Conduzo entregando a maior e mais completa stack de tecnologias do mercado.

Ao trabalhar com desenvolvedores experientes, eu consigo usar seu aprendizado com .NET, banco de dados, e arquitetura para encurtar a jornada.

Ao restringir à desenvolvedores .NET eu consigo usar do contexto de tecnologias e problemas do seu dia-a-dia, coisas que você conhece hoje, como WCF, WebForms, IIS e MVC, por exemplo, para mostrar a comparação entre o que você conhece e o que está sendo apresentado.

É assim que construímos fundamentos sólidos, digerindo a complexidade com didática, tornando o complexo, simples.

É assim que conseguimos tornar uma jornada densa, em um pacote de ~4 meses.

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Luiz Carlos Faria

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