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Jornada DevHero 2019 – 1ª Edição
Publicado em: quinta-feira, 10 de jan de 2019

Uma minoria de devs nunca se questionaram a respeito das suas conquistas, dos seus objetivos e das suas realizações. Fato é que a maioria vive esse dilema, principalmente no início da carreira. Alguns tentam usar toda a sua malandragem para queimar etapas e o mercado sorrateiramente “lhe passa uma banda” anos depois, deixando-o no chão. Você não pode dizer que não foi avisado, afinal, alguém do teu lado conseguiu e é provável que você não tenha conseguido.

Desde que levei as maiores porradas do mercado, mudei minha postura e principalmente, tento, dia-após-dia, ser uma pessoa mais simples, menos orgulhoso, e mais consciente. Fato que aos 34 anos, tenho o que todos dizem ser uma carreira de sucesso, mas isso não necessariamente foi assim sempre. Embora sempre tivesse me destacado tecnicamente onde passava, havia elementos como comunicação, exposição e colaboração eram elementos que eu negligenciava.

Mas o último elemento, primordial para realmente crescer foi a humildade.

  • A humildade de saber que não tenho mais 20 anos, que posso estar errado e estatisticamente por mais que erre pouco, errarei e posso estar errando inclusive agora, ao produzir esse texto, esse post, ou esse evento.
  • A humildade de saber que há pessoas melhores que eu e que possivelmente estão do meu lado, e eu só não estou prestando atenção nelas.
  • A humildade de reconhecer escolhas que determinam caminhos diferentes não fazem, necessariamente, ninguém melhor ou pior que o outro, e que todos, absolutamente TODOS tem algo de interessante a compartilhar basta estar interessado em encontrar e reconhecer algo autêntico e relevante.
  • A humildade de saber que estou chegando ao auge da maturidade profissional, e que inevitavelmente eu vou olhar com um ceticismo nocivo para as novas tecnologias, principalmente as mais disruptivas. É necessário reconhecer que o mundo, o meu mundo, do desenvolvimento e da tecnologia, tem potencial para mudar drasticamente a cada 5 ou 10 anos, e que eu preciso acompanhar, entender e me adaptar a cada um desses ciclos.
  • A humildade de reconhecer que nesse momento, meu maior objetivo é poder contribuir com a vida de jovens desenvolvedores e mostrar caminhos mais curtos e uma visão muito mais sã, muito menos baseada em ego, nenhum instinto, e baseada em dados, métricas, e informações que podem sim mudar a carreira na medida que auxilia na tomada de decisão.

Muita coisa aconteceu, eu sinceramente queria montar um curso de arquitetura de software no passado, principalmente para falar de clean architecture, de simplificações e abstrações poderosas. Mostrar como toco há mais de 10 anos meus projetos. Ensinar a tomar riscos, e a escolher quais riscos tomar e quais riscos declinar: Estou falando de riscos técnicos. Mas no fundo, olhando para dentro, eu entendi que não era exatamente a hora de falar de arquitetura, mas sim proporcionar transformação. Entregar um conteúdo fantástico que pudesse fazer com que a galera que me segue tenha mais tempo, tenha mais liberdade, saiba escolher o que estudar, como estudar, como estruturar um roadmap com 5, 10, 15 tecnologias. Como eliminar o ceticismo nocivo do seu dia-a-dia.

Eu quero proporcionar a criação de uma comunidade que olhe para a tecnologia “rival” com bons olhos, que encontre uma sacada legal, que traga para o seu dia-a-dia, uma forma de encarar o universo de tecnologias sem bairrismo, sem aquela ideia de que só pode isso, só pode aquilo. Pode tudo, desde que você saiba o que está fazendo. Isso é tomar riscos, e você precisa ter total consciência sobre quais deve tomar e quais deve declinar.

Você não pode rir dessa

Vou contar uma história, promete não rir? Sabe a ViihTube? Bom, é uma menina, jovem, youtuber, já tem 7.437.659 inscritos. O ano era 2015 e eu queria aprender a estruturar uma infra para um site de grande alcance e grande consumo. Queria aprender a fazer isso com docker, já que naquela época era o que eu estava estudando, estudando muito.

Queria entender como usar docker para montar uma infraestrutura que atendesse muito acesso com baixo custo. Afinal, eu já tinha minha própria infra, mas dada a natureza dos meus posts, meu público é pequeno. Bom, fui contactado por um amigo, gerente na Microsoft, ele havia me dito que um outro amigo em comum estava com um problema para atender uma demanda com wordpress, e por sua vez, eu sabia gerenciar uma infra com wordpress, afinal eu gerencio a minha há alguns anos. Nessa jogada, por fim comecei a trabalhar com o assessor comercial/manager não sei ao bem o papel, mas era quem representava a menina comercialmente. Subimos os updates do site, o máximo que dava para fazer com um wordpress todo mexido, com um tema todo alterado manualmente. Nossa que gambiarra dos infernos. Eu avisei. Enfim, não levou muito tempo para o site conseguir atender a demanda com 10% do consumo financeiro. A última conta de Azure deles, antes de eu assumir, era de R$ 10 000. Assim que assumi, ela passou de 10k para menos de 1k. Não me lembro ao certo o número, mas não dava 10k. Bom, assim foi e esse projeto durou algum tempo. Como o valor era pequeno, eu pagava e recebia o reembolso. Mas de um tempo pra frente o manager sumiu, começou a questionar o valor, como se eu tivesse tirando algum dinheiro para mim. Não… nem isso. Eu fazia de graça para aprender. E olha que eu já era velho e conhecido no mercado. Bom resumo dessa conta foi que fiquei com um prejuízo de certa de 10k. Prejuízo que assumi para aprender a gerir um ambiente docker performático. Aprendi a fazer tunning, proxy reverso, caching. Descobri como compilar meu próprio NGINX, com customizações que me possibilitaram ganhar muita performance e entregar qualidade mesmo sem alterar sequer 1 linha de código no WordPress, ou fazer updates para isso. Eu gastei 10k para aprender fazendo, e tenho um imenso orgulho não só do que aprendi, mas como aprendi, como construí de forma sólida, todos os fundamentos a respeito de containers, entendendo cada aspecto, como segurança, abstração, isolamento, networking. Eu passei a conhecer, de fato, entendendo todos os seus fundamentos, sem pular etapas, sem abstrair um ou outro entendimento, com consciência do que estava fazendo, tomando os riscos que podia tomar e me resguardando daquilo que conseguia entregar. Assim anos depois, já rodei alguns treinamentos online, debato com bastante sobriedade com os principais nomes de docker do país, e sou grato por não “ficar vendido” quando o assunto é ou conceitual ou prático. Eu perdi o que para alguns é muito, para outros é pouco. Mas eu ganhei muito mais do que esse valor.

Conclusão

Muita coisa acontece na nossa carreira e não olhamos pelo aspecto positivo, outra hora, fazemos no automático, olhando uma resposta pronta do StackOverflow e não nos questionamos do que de fato estamos fazendo, talvez até copiemos código dos outros, sem sequer olhar o que está fazendo, sem sequer olhar para ver se dá para otimizar ou não. Bom é sobre esse dia-a-dia, que não produz conhecimento, não produz crescimento que quero dialogar.

Quero mostrar que não importa onde você esteja empregado, sempre haverá algo bom para aprender, e quando não houver, como investir seu tempo de forma assertiva, para que você deixe de usar a desculpa que sua empresa, seu chefe, ou seu projeto não lhe permitem aprender. Talvez não seja papel deles ensinar, e é sob essa ótica que quero mostrar que na medida que você abdica da possibilidade de delegar as responsabilidades sob sua carreira a outros, você assume às rédeas e passa a construir de fato uma carreira sólida. É quando você ignora o ambiente, ignora seus pares que acham “que isso ou aquilo não vale a pena”, quando você começa a competir somente com você mesmo, é aí que o jogo de fato muda, e todos ao seu redor levarão um tempo para entender.

Hoje você só precisa ser melhor do que você foi ontem, todo dia.

Convite

Concluo esse post te convidando para participar do DevHero 2019 – 1ª Edição. Será Online! Clique aqui e inscreva-se!

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