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Quiet Quiting – Problema ou Oportunidade?
Publicado em: segunda-feira, 29 de ago de 2022
Categorias: Carreira Dev | Geral
Tags:

Se você acredita que é responsável pelos seus próprios resultados e acredita que pode crescer pelo trabalho duro, disciplina e estudo, esse post é para você.

Se você está disposto a sacrificar o hoje por um amanhã melhor, e acredita que tem de ralar para conseguir suas coisas, esse post é para você.

Se você quer fazer o mínimo, e espera ser recompensado e reconhecido, esse post não é para você.

Um fenômeno recente que está virando assunto é o Quiet Quiting. Se traduz na escolha por fazer o mínimo aceitável, em prol dos benefícios de uma qualidade de vida melhor. Ou seja, adotar a mediocridade como padrão de condução de suas relações com empregadores.

A matéria Why ‘quiet quitting’ is nothing new detalha melhor esse movimento.

O primeiro ponto que precisamos conceitualizar é mediocridade. Mediocridade é estar na média, nem muito abaixo, nem muito acima, na média apenas. Por isso o emprego do termo medíocre não tem conotação pejorativa.

Como no próprio post da BBC cita Anthony Klotz, professor associado da Escola de Administração da University of College London, esse movimento não é novo.

Ao longo da minha carreira sempre convivi com os mais variados tipos de desenvolvedores. Alguns com essa visão de realizar o mínimo possível, outros mais audazes, mais motivados.

Não me recordo de conseguir correlacionar qualidade profissional com essas características.

Embora tenha visto diversas vezes, cenários de acomodação ligado à reatividade às ideias novas, arquitetura novas, ou até componentes novos.

Dica 1: Não julgue

Minha primeira dica sobre o assunto é: não julgue.

Quem está com “sangue nos olhos” ou “pilhado” não é nem melhor, nem pior. Mas claramente tem objetivos de vida diferentes. Ou seja, você é movido por uma coisa diferente que não é o mesmo que motiva a galera do Quiet Quiting.

O principal ponto aqui é saber que vocês são diferentes. E está tudo bem em ser diferente. Está tudo bem eles serem desse movimento e está tudo bem em você não querer fazer parte dele. Os 2 mundos coexistem, e está tudo bem!

O mercado precisa de qualquer mão de obra. Bons, ruins, medianos, acelerados e os mais tranquilos. Precisamos de todo tipo de desenvolvedor. Há projetos com mais perfil para uns, outro para outros, outros para ambos. Falta gente demais!

Claro que a galera do Quiet Quiting dificilmente terá destaque, altos salários, enormes desafios, mas lembre-se de que desenvolver software envolve muitas e muitas tarefas. Cada uma precisa de um skill diferente.

O que estou dizendo é que independente do estilo de trabalho, é ajuda. E toda ajuda é bem-vinda.

Dica 2: Sobre Meritocracia

Você não necessariamente precisa trabalhar mais. Não é a quantidade de horas que define sua produtividade ou eficiência.

Seu resultado é mensurado pelo quanto você consegue entregar valor em relação com quanto você é pago por isso.

Seja inteligente, produza meios de otimizar seu tempo.

Acredito que a melhor forma de fazer isso é sendo estratégico. Gaste algum tempo para produzir meios de deixar sua própria jornada de trabalho mais fácil. Busque meios de ser mais produtivo.

Aqui estão alguns exemplos que utilizei ao longo da minha vida:

  • Geradores de Código (objetivo execução 100% automática e não supervisionada)
  • CI/CD (quanto mais cedo, mais produtivo você fica)
  • Estratégias de antecipação de erros para a compilação.
  • Adotar desenhos e soluções conhecidas

E claro tem várias outras técnicas, como testes dos mais variados possíveis.

Essas estratégias farão você errar menos. Farão você ter menos retrabalho. Muitas vezes farão você escrever menos código.

Com medidas assim você terá a oportunidade de se destacar. E isso aumenta suas chances de ser reconhecido. Mas lembre-se, não há certeza, nem promessa de reconhecimento, mas há um subproduto dessa estratégia, que detalho a seguir.

Dica 3: Gere mais $ para sua empresa

Investir para que você se torne mais eficaz e eficiente, é um meio de produzir mais dinheiro para o seu empregador. Ou seja, aumentar a lucratividade do seu trabalho.

Excelente!

E se você puder fazer isso em escala, criando ou desenvolvendo coisas que potencializarão mais pessoas, melhor ainda.

Quando você se torna mais eficiente e eficaz, quando você faz isso com outras pessoas, você começa a construir um método, uma metodologia, uma fórmula.

E quando você consegue criar essas fórmulas, você se torna exponencial e sua vida fica mais fácil.

Ao se tornar exponencial, seu trabalho gera a percepção de multiplicação. E é aqui que está o ponto mais importante: você se tornou essa pessoa capaz de gerar mais resultado. Você se tornou essa pessoa capaz de produzir mais resultado para seu time, sua equipe. E você consegue fazer isso onde quer que esteja, na empresa atual ou na concorrente. Essa é uma habilidade que conquistou e que é agora sua.

A capacidade de gerar riqueza é um poder com infinitas possibilidades para serem exploradas.

Essa pode ser sua arma para conseguir crescer onde você está, ou pode usar esse skill para se movimentar no mercado, talvez em busca de desafios maiores, talvez em busca de mais reconhecimento.

Enfim, os empregadores que lutem!

Quando você é exponencial, seus colegas lembram de você, eles te chamam para outros jobs. E seu networking começa a produzir negócios, novas oportunidades de trabalho.

Dado os seus resultados, seria legal também achar meios de divulgar suas conquistas. Eu já falei um pouco disso em Qual o melhor momento para atualizar o perfil do LinkedIn?.

Um fato importante que não poderia deixar de ficar de lado é que esse processo evolutivo produz diferenciação, fazendo de você um perfil mais escasso, também faz mais desejado, mais raro e consequentemente mais valioso.

Tudo isso pode ser útil para hora de negociar uma promoção, ou mesmo no mercado, buscando uma nova vaga ou oportunidade.

Ou seja, você se valoriza, você passa a poder cobrar mais, a pedir e negociar salários em outro nível.

Dica 4: Venda-se

Nós desenvolvedores, técnicos, temos uma dificuldade absurda em nos vender, em fazer marketing do que fazemos.

Saiba disso e tenha um plano para conseguir tornar pública as suas realizações.

Aprenda a comunicar com clareza suas conquistas. Comemore-as!

Dica 5: Se mantenha lúcido

Tenha clareza sobre o que quer fazer e onde quer estar nos próximos 5 anos. Ter um objetivo claro, ajuda a guiar suas decisões.

É muito provável que você trabalhe com muitos simpatizantes e adeptos do Quiet Quiting, então tenha clareza de que existirão momentos mais calmos e momentos mais intensos, e isso dificilmente fará de você um adepto da causa.

Aprenda a tirar proveito desses ciclos, para cuidar mais da sua saúde mental, cuidar de você.

Dica 6: Construa-se

Como disse logo na dica 2, você não precisa sequer fazer 1 hora extra para ser exponencial. Entretanto, lembre-se de que precisa se construir como profissional de acordo com seus objetivos, portanto, sim, merece esforço adicional: o estudo.

Minha dica é que você dedique ao menos 30 minutos todos os dias para aprender algo novo sobre o que você já faz e outros 15 minutos sobre o que você não faz, mas gostaria de fazer.

Supondo que você trabalhe com C#, mas também queira aprender GO:

Dedique todo dia, no mínimo 30 minutos a fazer algo melhor com C#. E dedique 15 min a fazer algo em GO.

Aqui comigo esses números sempre foram agressivos, de 3h a 4h horas por dia. Hoje, olhando para o passado, eu acho demais.

Dica 7: Saia da monotonia

Como estou supondo que você tenha algo parecido comigo, contarei algo bem particular:

eu nunca trabalhei para ninguém!

Todas as empresas por onde passei, eu trabalhava para mim mesmo! E recebia bons salários pra isso.

O que quero dizer é que eu encarava todas as empresas por onde passei, todos os projetos em que já coloquei a mão, como aprendizado, construção, case, como meus de fato.

Claro que com responsabilidade e com maturidade, mas o que eu estava construindo nesses projetos era o meu skill. Eu sentia estar construindo a mim mesmo.

Ou eu estava solidificando habilidades adquiridas, ou estava forjando novas habilidades ou ambos.

A cada 4 ou 6 meses eu avaliava como eu estava me desenvolvendo. E sempre que percebia 2 marcos sem evolução, me colocava à disposição do mercado e logo trocava de trabalho, buscando novos desafios.

Essa não é uma dica, ou é. Foi assim que eu conduzi e sou muito feliz por essa decisão. Ela vai na contramão da ideia de fazer carreira em uma empresa.

Dica 8: O ouro está naquilo que ninguém quer fazer

O ouro para criar um perfil único, está, em geral, naqueles trabalhos que todo mundo diz que é outra equipe que tem de fazer.

Eu já trabalhei com milhares de desenvolvedores, e até hoje estou próximo de outros milhares.

Infraestrutura: Abrace ao ponto de tentar saber o suficiente para discutir como um profissional de infra.

DevOps: Abrace ao ponto de tentar saber o suficiente para discutir como um profissional de DevOps.

Data Modeling: Abrace ao ponto de tentar saber o suficiente para discutir como um Data Modeler.

Arquitetura: Abrace ao ponto de tentar saber o suficiente para discutir como um profissional de arquitetura.

Cloud: Abrace ao ponto de tentar saber o suficiente para discutir como um profissional de arquiteto cloud.

Se tem alguém dizendo: Isso não é comigo!

Fique atento, pode haver uma oportunidade aí!

Existem casos em que há a soberba de menosprezar a atividade, mas na maioria esmagadora das vezes o que podemos ler desse comportamento é:

Eu não sei fazer isso,
se fizer não faço bem feito,
e vou ser julgado de forma equivocada
por fazer algo que nem era para eu estar fazendo.

O mantra é sempre o mesmo:

blablabla: Abrace ao ponto de tentar saber o suficiente para discutir como um profissional de blablabla.

Isso leva bastante tempo, é muito trabalhoso. Para contextualizar, eu recentemente dropei meu cluster kubernetes que estava no ar a ~500 dias. E estou criando um com 3 nós em alta disponibilidade. Estou fazendo isso para adquirir esse skill. Não somente na teoria, mas do ponto de vista prático também.

Eu fiz algo similar com docker em 2016, criando toda a minha infra com docker.

E aqui está a pegadinha desse tópico: Aprender para poder discutir, não exige conhecimento teórico apenas. Exige conhecimento prático. Senão você não conseguirá discutir de fato com esse profissional.

Conclusão

Movimentos como Quiet Quiting promovem a mediocridade no mercado. Isso faz a média ficar mais baixa e assim a diferenciação se torna um pouco mais fácil. Embora o nome seja novo, se trata do bom e velho corpo mole. Esse movimento pró sanidade mental está presente há muitas décadas no mercado. Há 3 eu já reconheço esse movimento. Há 20 anos convivo com ele.

O fato é que, não há conquistas sem esforço. O esforço é o que abre a possibilidade para algum retorno.

Mas não há garantia de recompensa. Portanto, fortalecer-se, tornando-se alguém que produz mais riqueza que a maioria, fará de você especial, mais raro, e possivelmente mais cobiçado.

Aumentar seu próprio potencial de gerar riqueza para os outros, pode, se você tiver a vontade de empreender, se transformar em negócio, em um produto, em uma startup, talvez.

Não há segurança no mercado, qualquer empresa pode te dar um pé na bunda a qualquer momento, inclusive as estatais. Basta uma mudança abrupta na política. Em 10 anos muita coisa pode mudar.

Na hora de cortar cabeças, dificilmente os profissionais que dão mais resultado são os demitidos. Em geral, esses estão no final da lista.

A maior segurança que você pode ter, é a de continuar empregável, continuar competitivo, é a de continuar no game!

Bom, espero ter ajudado!

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